São tão breves os nossos encontros,
Olhos fugidios e dedos enervados,
Desejos contidos, vontade embargada.
És mais natural quando distante,
Libertas-te e as tuas palavras saem,
És, nessas alturas, o melhor amante,
Despido dos receios que se esvaem.
Mas logo os meus medos me dominam,
Ciumentos do ardor com que me falas,
Vestem-se de moralismo e preconceitos,
Afogam os sentimentos que tu calas.
Esgotam-se-me todas as palavras,
Ou eu não encontro as mais certas,
Para escrever o quanto eu te quero,
Para demonstrar o desespero,
Dos dias tristes em que não me apertas,
Nos teus quentes braços com esmero.
São tantos, infelizmente, esses dias,
E tão grande o sofrimento que provocam,
É tanta a angústia e dor que me evocam,
Por não poder partilhar-te as alegrias.
Procuro outras palavras que te falem,
Sintagmas que conjuguem este amor,
Sinónimos deste sentir amargurado,
Letras que ao que sinto dêem cor.
É tão grande a vontade de te ter,
É tão forte o desejo de te abraçar,
Tão louco o anseio de te amar,
Tão doloroso o receio de te perder.
Vivo deste modo por entre dias,
Uns de alegria por ser igual,
Esta forma alucinada de querer,
Sem ver nesse desejo qualquer mal,
Outros são escuros e sombrios,
Não terei vontade de vencer os desafios?
Serei alguém com espitito derrotista?
arranjam-se mil e uma desculpas,
Não se encara a realidade
E eu duvido que o teu amor seja verdade.