15 abril 2009

Coisas da vidinha

" Olhámo-nos atentamente, como só acontece diante de um fenómeno raro. Quem eu olhava nesse instante não era a nova criada. Eu pasmava diante da mulher que, de algum modo, por motivos imperscrutáveis, em condições impossíveis, havia de ter um papel importante na minha vida. Estas coisas sabem-se?... Sabem, seguramente. Não com a razão, mas como sinal do destino...
(…) Imagina só que alguém vinha ter comigo e que dizia que aquela era a mulher com quem, um dia, eu havia de casar; mas que, antes, muito iria acontecer, que eu teria de casar com outra mulher, quem me daria um filho, e que essa mulher, ali à minha fonte, na penumbra da entrada, andaria anos pelo estrangeiro e voltaria, e que, então, já eu me teria divorciado da primeira para, agora, casar com ela.
(…)
Mas, agora, no fim, à distância de décadas, gostaria de responder à pergunta que me coloquei tantas vezes: sabia eu, nesse momento, que tudo seria assim?...E, no fundo, temos consciência desses chamados grandes encontros, dos momentos decisivos?... Será de crer que alguém entre no nosso quarto e digamos: «Ah, é ela!» A mulher certa, como nos romances… não consigo responder a esta pergunta. Só fecho os olhos e recordo. "

1 comentário:

. disse...

É a isto que se chama destino.