Muitas vezes, nos momentos seguintes a uma discussão, quando se acaba uma amizade um relacionamento põe-se a questão E agora o que vou fazer com as prendas que me ofereceu? .
Compreendo que muitas vezes o primeiro instinto é agarrar em tudo o que nos faz lembrar a pessoa, enfiar tudo num saco bem escuro e desfazer-nos daquilo.
Nunca o fiz. Nunca fui capaz porque, de uma maneira ou de outra, as pessoas que foram passando pela minha vida deixaram sempre mais recordações boas do que más. O balanço foi sempre positivo. Contudo, não escondo que muitas vezes estive com alguns objectos na mão e me questionei porque ainda guardava aquilo, mas acabava por ficar sempre no mesmo sítio, ou então, limitava-me a guardá-lo melhor. Nunca fui capaz de me desfazer de nenhum objecto porque acho que se o fizesse não estava a respeitar as pessoas em questão, a história em si e até a mim.
Durante muito tempo mantive a moldura em cima da mesa-de-cabeceira, a rosa continua À vista, aquela que foi guardada do conjunto de outras que me foram oferecidas, o peluche oferecido em frente a umas dezenas de pessoas, esteve algum tempo em cima da cama, a fotografia das alianças que, felizmente, nunca chegaram ser compradas, está guardada numa caixa juntamente com os postais e cartas trocadas, o frasco dos perfumes foram ficando na prateleira… E estes últimos acho que foram os únicos objectos que me desfiz e só por uma questão de ocupação de espaço físico. Tudo o resto continua comigo. Guardado. Uns mais guardados que outros, porque tal como as histórias nem todas são arrumadas ao mesmo tempo nem da mesma forma.
As pessoas passam. Os momentos também, mas para mim, as memórias e tudo aquilo que me possa fazer lembrar quem vai passando por mim, ficará para sempre guardado … Ficará sempre comigo.
E enquanto escrevo, oiço o CD que encontrei à pouco, que em parte foi também o motivo de estar a escrever este post, oferecido por alguém que fez parte da minha história…
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